O liberalismo e os novos intérpretes do Brasil
DOI:
https://doi.org/10.47284/2359-2419.2022.32.1941Palavras-chave:
Estado nacional, liberalismo, trajetória dependenteResumo
Como disciplina autônoma, o Pensamento Político Brasileiro é perpassado pelos debates envolvendo as influências marcantes que prevaleceram na formação do Estado nacional, bem como seu impacto na trajetória histórica (path dependence) do desempenho das instituições políticas. Debates públicos recentes, sobretudo na imprensa, reatualizaram a abordagem desse relevante tema, notadamente a polêmica envolvendo o cientista político Marcus Melo e o sociólogo Jessé de Souza. O presente artigo escrutina as posições externadas por cada um dos polemistas apontados, conectando-os com a já rica tradição sobre o tema. A conclusão principal é que a polêmica analisada reverbera, ainda hoje, a profunda divisão nesse campo de estudo sobre a adoção dos pressupostos básicos do liberalismo, agravada pela forte tradição iliberal que permeia a trajetória histórico-institucional dos países latino-americanos, incluindo o Brasil.
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